quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

ARGENTINA 1985


 ARGENTINA, 1985 (2022) já é um CLÁSSICO POLÍTICO!

Vanessa Castro (nota da cinéfila: ⭐ ⭐ ⭐ ⭐ ⭐)

'Nunca más' à ditadura 


É a partir da preservação cinematográfica da memória que Santiago Mitre orquestra com maestria "Argentina, 1985". Trata-se de um documento histórico social sobre a ditadura militar argentina, entre 1974 a 1983, e o resgate da humanidade perdida das vítimas. 

O delicado retorno ao passado nessa película circunda a memorização dos fatos que jamais poderiam cair na teia do esquecimento. E é a memória da História, permeada pela arte da memória que é o CINEMA que se alinha com o processo psicanalítico de Recordar e Elaborar para que jamais se repita episódios nefastos que deixam marcas profundas numa sociedade. Voltar ao passado é sempre complexo porque tangencia emoções que acionam gatilhos que precisam ser abordados com muito cuidado. Mas o cineasta Mitre assume o controle desse trama sem se esquecer que é uma produção cinematográfica e une drama e humor para atenuar a tensão e a dor que a película carrega consigo. "Argentina, 1985" também é um estudo inserido num contexto de estresse e trauma em busca da redemocratização de um país que buscou a esperança para superar o absurdo da ditadura que ainda não foi sanada. E então volto à memória, tempo e identidade porque a construção sobre o passado precisa ser atualizada e renovada. Para tanto é preciso passar a limpo o passado. E é isso que o promotor público Julio Strassera e sua equipe faz com veemência e consistência. O promotor é interpretado por Ricardo Darín, excelente em todas as instâncias, principalmente, na capacidade de vínculo com o público. Em cenas antológicas de tribunais, o Strassera de Darín exalta a memória das vítimas numa peça de processo-provando para os algozes réus que sob qualquer ameaça vigente, há vidas. Sob sangue derramado para mascarar injúrias, há vidas. Sob quem ousa sufocar a democracia e a liberdade de expressão, há vidas.

"Argentina, 1985" é sobre o orgulho de um povo que não tomba porque através da memória clama por justiça. E o CINEMA faz jus à memória e história com esta narrativa visual que já está nos anais de um filme clássico político. Gracias,HERMANOS 🎬

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