O Circunspecto Gentleman
Day-Lewis é um virtuoso.
Ele parece pensar holisticamente em seus personagens, enquanto sutilmente constrói um mosaico realista e perturbador; parecendo
vestir com acuidade cada máscara cênica. E para um ator que veste uma
personalidade como uma pessoa normal vestiria um casaco, com naturalidade e
elegância, talvez ele viva mesmo um dualismo verbal não se considerando bom o
suficiente para explicar o que sente, mas o fato é que sempre utilizou com
eloqüência a nobre resposta do silêncio. É como se, mais do que criar um muro
de estrelismo em torno de si, quisesse pacientemente se revelar somente pelo próprio
trabalho ou simplesmente pelo que gira em torno dele; é como se quisesse não
ter mais rosto, dissolvendo-se nos infinitos tipos antológicos humanos que tão convincentemente
engendra, ficando enfeitiçado por cada um deles.
Parece (propositadamente)
não permitir que o quase imperceptível homem Daniel Day-Lewis atropele o
extraordinário ator, um profissional que pode às vezes beirar até o
histriônico, mas jamais é superficial e jamais se espelha nos seus papéis. Um
homem que realmente incorpora e fica “tomado” pelos personagens que veste.
Daniel sabe que seu
personagem é inteligente e não se preocupa com o bom senso convencional. E fica
a pergunta? Será Day-Lewis um romântico moderno? Daniel Day-Lewis... Uma
erupção em fogo lento.
Ass.: Vanessa
Castro (Cinéfila)