segunda-feira, 26 de março de 2012
Uma carta poderia ser só uma carta... se não fosse a simbologia e a mensagem metafórica que traz e leva consigo. Eu sempre gostei do cheiro, da textura e do significado delas. Com sinete, sem sinete... O que importa é tê-las como testemunhas de um conteúdo latente ou manifesto!
Obs.: Acho que ainda vou ser carteira!
sábado, 24 de março de 2012
Saudades a Partir do Olhar e do Tempo
Hoje acordei com saudade.
Saudade das chuvas sem acidez, que não causavam aridez na nossa cidade de São
Raimundo Nonato. Saudades da chuva, porque, nestes últimos dias – tem chovido
lágrimas de meus olhos. Saudade das calçadas da agência dos Correios e da casa
do seu Pedro e da dona Ginolina. Saudade das amigas de minha irmã Vera Lúcia, a
Rusa e a Neusa. O nome destas irmãs até rimam! Só não rimam com a dor da
saudade. Então, me reporto agora a Neusa, ao Pedrinho a ao Estevão, esposo da Rusa
e toda a querida família de seu Pedro, pedindo-lhes permissão para comungar a
todos, a simbologia da Rosário, da nossa Rusa - para mim.
A gentileza humana fez
seu último recinto em Rusa. E quando falo em gentileza, reporto-me a acepção de
cordialidade humana, sem peso e sem mensura. A Rusa parecia carregar com ela um
silencioso heroísmo na paz. E se escrevo sobre ela, a descrevo, pelo que a
conheci e me regozija a idéia de tecer comentários sobre uma pessoa que
imanentemente existiu sob a égide de uma liberdade e leveza sustentáveis. Falar
sobre a Rusa é atribuir ao ser humano que ela foi e continua sendo para nós, uma
qualidade adjetiva e superlativa que se traduz em RUSA. E o que é mais
prazeroso no ser humano, se não for a liberdade, a simplicidade, a boa vontade
em cooperar e em dar-se um pouco em tudo o que faz? Quem a conheceu, sabe
disso! Falar e pensar em Rusa... É discorrer sobre o tempo e a memória.
A Rusa é o que podemos
entender como um tipo peculiar de ser humano com expressões estilísticas ÚNICAS
em sua maneira de ser e estar no mundo. Ela é uma seleta que reúne leveza,
originalidade e liberdade de pensamento. E como os olhos são a janela da alma,
convido a todos a fazermos uma reflexão como se por um instante pudêssemos pensar/falar
e ver o mundo como a Rusa! E é assim que tento entender os que cantam e buscam
compreender a ação inexorável do tempo. A fugacidade da matéria, a rapidez dos
minutos e o escoamento das horas, o surgimento das rugas. E foi a respeito
dessa devagação sobre o tempo que a minha irmã, Vera Lúcia e a Rusa conversaram
na última vez que se viram, lá em casa!
Eu era uma criança... E a
Rusa, a Neusa e a Vera jovens! E eu na curiosidade que é peculiar das crianças
– na sua maneira pura e bela de ver o mundo – guardo nas minhas reminiscências
a juventude destas garotas nos tempos dos cabelos longos, soltos e dos
penteados permanentes e dos óculos que flertavam com o estilo blasé. Para mim,
elas são eternas modelos com seu jeans desbotado e sandálias de
couro. E a Rusa selou este tempo e espaço – tão longe, mas que, ficou em mim! Estas meninas que permearam a fantasia de uma
criança e serviram de estilo. De uma junventude que conversava na praça do
abrigo, que ouvia Beatles e cantava a vida e a simplicidade do viver. E
lembro-me de uma foto desbotada destas amigas que para reforçar a idéia de
liberdade, estavam também, a Solange da tia Vanci, A Nicéa, a Adélia Maria, a Rosani,
a Thâmar. E as que não citei... Perdoem-me, eu era apenas um pequena criança.
Pensar na Rusa é
reportar-me às longas conversas que ela tinha com a Vera, que oscilavam da
filosofia para a literatura e elas colocavam “porquês”. Os “porquês” da
liquidez humana na atualidade. Eram tantos os “porquês”, que se alinhados
serviriam a Shakespeare que afirmava que “a todo porquê corresponde um
portanto”. Portanto, neste momento de saudade procuro elaborar com palavras
para dizer... Dizer o quê? Dizer que a Rusa entendeu a vida como seguindo...
Que a vida é uma sucessão de acertos e desacertos; comédia de erros, encontros
e desencontros; nada absoluta e definitivamente relativizada nos senões do
dia-a-dia, nos que partem sem prévio aviso, nos que deixam saudade (palavra
esta, A SAUDADE, relativa à pátria mãe, mas que exprime um sentimento
universal). Saudades da Rusa que nos sorria e acena na calçada. O sorriso mais
airoso e honesto que conheci na minha vida. Saudade da Rusa que viveu feliz
toda a transitoriedade da vida como um momento. E eu como cinéfila que vejo
tudo enquadrado, enquadro a Rusa nas minhas reminiscências com seu estilo tão
casual, tão diáfano, tão leve... E tive a oportunidade de dizer a ela, que se
um dia, eu dirigisse um filme – ela seria a atriz protagonista e a película se
chamaria: A MOÇA COM O OLHAR DIÁFANO! Rusa tão Rusa, gente tão gente. Voz calma
e serena. E através dos seus peculiares óculos, estava o olhar de um ser humano
que engendrou um pacto com a poesia e com as verdades mais comoventes que ela
encerra. Então, meus irmãos cinéfilos... Sim, cinéfilos, porque se vemos e
ouvimos – somos todos cinéfilos! Vejamos assim, como o eterno olhar BLASÉ e
DIÁFANO de nossa inesquecível Rusa!
E sei que quando o
sentimento é forte e verdadeiro... As palavras, mesmo vastas, são
insuficientes. Então, encerro meu testemunho, recordando uma frase que, como um
bom hábito, sempre pronunciava, quando chegando de férias em São Raimundo:
“VERA, MAMÃE... A RUSA CHEGOU DE BRASÍLIA, ACABEI DE VÊ-LA, NA CALÇADA”!
Que SAUDADE
MEU DEUS!
Para Neusa e
Familiares
Ass.: Vanessa
(cinéfila) da Alborina!
sexta-feira, 23 de março de 2012
quarta-feira, 21 de março de 2012
O CINEMA
Este é meu blog, um espaço para pensar, ouvir e discutir CINEMA dentre outras artes clássicas e também, contemporâneas
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