terça-feira, 21 de maio de 2013

MINHA ATUAÇÃO NA VIDA...

Minha Atuação na Vida...
(As Três Paixões)

Três paixões, simples, mas fortes, governam minha vida: o desejo cinematográfico de entender o amor, a humilde procura do conhecimento e a corrosiva compaixão pelo sofrimento da humanidade. Essas paixões, como os fortes ventos, levam-me de um lado para outro, em caminhos caprichosos, para além de um profundo oceano de angústias, chegando à beira do verdadeiro descobrimento.
Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase – êxtase tão grande por àqueles que prezo e rezo! Procurei-o também, porque abranda a solitude – aquela terrível solidão em que uma consciência horrorizada observa, da margem do mundo, insondável e frio abismo sem vida. Procurei-o, finalmente, porque na união do amor vi, em minha mística miniatura, a visão prefigurada do paraíso que atores, santos e poetas imaginaram. Isso foi o que procurei e procuro e, embora pudesse parecer bom demais para a vida humana, foi o que encontrei.
Com igual paixão busquei o conhecimento. Desejei compreender a psiquê dos homens. Desejei saber por que alguns para mim, brilham como astros tão distantes! E tentei apreender a força platoniana pelo qual a idéia sublima a matéria: um dualismo corpo x mente (Psicanálise). Tentei aprender a força pitagórica pela qual o número se mantém acima do fluxo. Um pouco disso, não muito, encontrei.
Amor e conhecimento, até onde foram possíveis, conduziram-me aos caminhos do paraíso. Mas a compaixão sempre me trouxe de volta à Terra. Ecos de grito e dor reverberam em meu coração. Crianças famintas e sedentas, vítimas torturadas por opressores, velhos desprotegidos – odiosa carga para seus filhos – e o mundo inteiro de solidão, pobreza e dor transformaram em arremedo o que a vida humana poderia ser. Anseio ardentemente aliviar o mal, mas não posso, e também sofro.
Isso é um pouco da minha vida. Acho-a ao meu modo, digna de ser vivida e vivê-la irei com a maior alegria quantas vezes a oportunidade me for oferecida, pois amo tudo que conheço, mesmo com o pesar da velha chama que teima em consumir a subjetividade que me faz ser e sinto a cada instante (...)
Van (Cinéfila)

KAIRÓS...






Chronos & Kairós

Oscar Wilde será sempre a melhor  referência para os que cantam e buscam compreender a ação inexorável do tempo. Seu "the picture of Dorian Gray" foi a primeira obra que dele li , querendo mergulhar na alma anglo-irlandesa. Dentro da alma inglesa mergulhei, e lá, acreditei que esta em nada se distancia da alma brasileira quando o que queremos é questionar -sem resposta- a fugacidade da matéria, a rapidez dos minutos, o escoamento das horas, o surgimento das rugas, o momento único do encontro, o transcurso certeiro do tempo... É reconhecendo a invencível força do tempo kairós, que curvando-me a ele -ainda que sempre em atraso -, ofereço à Chronos alguns minutos para cantar Afrodite, no altar da beleza. Por isso, escrevo...
                 ...E se escrevo assim, mais para filosofia do que para literatura, é porque a vejo não como uma criação fictícia de um autor, mas, para colocar-me "porquês", estes, tão próprios à filosofia. São tantos porquês, que alinhados, serviriam àqueles poemas dos anos 40 e agora aos "haikais" japoneses. São tantos "porquês", que lembro-me de Shakespeare -"a todo porque corresponde um portanto", e lembrando-me dele, tento entender porque tenho tantos questionamentos, onde não me contenho num espaço meu próprio. Tento compreender a linguagem elíptica cinematográfica que fala em 33 rotações e vive mergulhada nas letras e nas imagens.
O que dizer? Dizer que minha vida segue; que a vida é uma sucessão de acertos e desacertos; comédia de erros; encontros e desencontros; nada absoluta e definitivamente relativizada nos senões do dia-a-dia, nos que partem sem prévio aviso, nos que deixam saudades (palavra esta relativa á pátria única, no entanto, exprime um sentimento universal), nos que nos sorriem, acenam em uma rua que guarda uma livraria, e não os vemos mais.  Por isso, cantemos toda a transitoriedade e vivamos felizes o momento. "Amo o amor dos marinheiros", dissera Neruda, "deixam uma promessa e nunca mais retornam".
                    Tentei aplicar Neruda. Não quis tomar-lhe tempo.  Não posso deixar de dizer o que penso e como vejo a tela da vida para além da projeção: tela linda, por dentro e por fora, encantadoramente inteligente, sempre (...)
                   Sempre é bom se ter a visão privilegiada das retinas...
O cinema é como um espelho providencial a mim em tais circunstâncias...

Vanessa Castro (Uma anônima cinéfila)!
                    



O TEMPO DA IMAGEM CHEGOU!