sexta-feira, 24 de maio de 2013

Vestes de um Circunspecto Artesão

O Circunspecto Gentleman

Day-Lewis é um virtuoso. Ele parece pensar holisticamente em seus personagens, enquanto sutilmente constrói um mosaico realista e perturbador; parecendo vestir com acuidade cada máscara cênica. E para um ator que veste uma personalidade como uma pessoa normal vestiria um casaco, com naturalidade e elegância, talvez ele viva mesmo um dualismo verbal não se considerando bom o suficiente para explicar o que sente, mas o fato é que sempre utilizou com eloqüência a nobre resposta do silêncio. É como se, mais do que criar um muro de estrelismo em torno de si, quisesse pacientemente se revelar somente pelo próprio trabalho ou simplesmente pelo que gira em torno dele; é como se quisesse não ter mais rosto, dissolvendo-se nos infinitos tipos antológicos humanos que tão convincentemente engendra, ficando enfeitiçado por cada um deles.
Parece (propositadamente) não permitir que o quase imperceptível homem Daniel Day-Lewis atropele o extraordinário ator, um profissional que pode às vezes beirar até o histriônico, mas jamais é superficial e jamais se espelha nos seus papéis. Um homem que realmente incorpora e fica “tomado” pelos personagens que veste.
Daniel sabe que seu personagem é inteligente e não se preocupa com o bom senso convencional. E fica a pergunta? Será Day-Lewis um romântico moderno? Daniel Day-Lewis... Uma erupção em fogo lento.
Ass.: Vanessa Castro (Cinéfila)