terça-feira, 21 de maio de 2013

KAIRÓS...






Chronos & Kairós

Oscar Wilde será sempre a melhor  referência para os que cantam e buscam compreender a ação inexorável do tempo. Seu "the picture of Dorian Gray" foi a primeira obra que dele li , querendo mergulhar na alma anglo-irlandesa. Dentro da alma inglesa mergulhei, e lá, acreditei que esta em nada se distancia da alma brasileira quando o que queremos é questionar -sem resposta- a fugacidade da matéria, a rapidez dos minutos, o escoamento das horas, o surgimento das rugas, o momento único do encontro, o transcurso certeiro do tempo... É reconhecendo a invencível força do tempo kairós, que curvando-me a ele -ainda que sempre em atraso -, ofereço à Chronos alguns minutos para cantar Afrodite, no altar da beleza. Por isso, escrevo...
                 ...E se escrevo assim, mais para filosofia do que para literatura, é porque a vejo não como uma criação fictícia de um autor, mas, para colocar-me "porquês", estes, tão próprios à filosofia. São tantos porquês, que alinhados, serviriam àqueles poemas dos anos 40 e agora aos "haikais" japoneses. São tantos "porquês", que lembro-me de Shakespeare -"a todo porque corresponde um portanto", e lembrando-me dele, tento entender porque tenho tantos questionamentos, onde não me contenho num espaço meu próprio. Tento compreender a linguagem elíptica cinematográfica que fala em 33 rotações e vive mergulhada nas letras e nas imagens.
O que dizer? Dizer que minha vida segue; que a vida é uma sucessão de acertos e desacertos; comédia de erros; encontros e desencontros; nada absoluta e definitivamente relativizada nos senões do dia-a-dia, nos que partem sem prévio aviso, nos que deixam saudades (palavra esta relativa á pátria única, no entanto, exprime um sentimento universal), nos que nos sorriem, acenam em uma rua que guarda uma livraria, e não os vemos mais.  Por isso, cantemos toda a transitoriedade e vivamos felizes o momento. "Amo o amor dos marinheiros", dissera Neruda, "deixam uma promessa e nunca mais retornam".
                    Tentei aplicar Neruda. Não quis tomar-lhe tempo.  Não posso deixar de dizer o que penso e como vejo a tela da vida para além da projeção: tela linda, por dentro e por fora, encantadoramente inteligente, sempre (...)
                   Sempre é bom se ter a visão privilegiada das retinas...
O cinema é como um espelho providencial a mim em tais circunstâncias...

Vanessa Castro (Uma anônima cinéfila)!
                    

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